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sábado, 21 de maio de 2016

Especialistas alertam para alimentos contaminados e perigos da "marmita"

Investigadores da Faculdade de Medicina no Porto alertam para o risco
da utilização de embalagens em plástico para conservar alimentos e
para o uso de químicos na agricultura. Mas recusam alarmismo.


"Não existe a possibilidade de não estarmos expostos a compostos
contaminantes" na nossa alimentação. E quanto maior for o número
destas substâncias no organismo, maior será o risco de doenças
metabólicas, entre as quais a obesidade. Quem o garante é Diana
Teixeira, investigadora do Center for Health Technology and Services
Research (Cintesis) da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
(FMUP), apoiada em estudos recentes feitos com uma equipa do centro de
investigação, que integra Diogo Pestana, biólogo e especialista em
toxicologia.

Os investigadores acreditam que "os alimentos são uma fonte de
potencial material tóxico". A poluição, o uso de embalagens em
plástico para conservar alimentos e os químicos usados na agricultura
são as principais fontes de contaminação. Também os alimentos sujeitos
a elevadas temperaturas encabeçam esta lista elaborada pelos
especialistas. Entre os mais expostos a este risco, destacam-se as
crianças, face ao elevado consumo de alimentos processados e ao
contacto com objectos plásticos, como os brinquedos e os biberões.

O alerta foi lançado ontem durante o XV Congresso de Nutrição e
Alimentação - organizado pela Associação Portuguesa de Nutricionistas
-, que começou no edifício da Alfândega do Porto. Com cerca de 1500
participantes, o congresso junta profissionais e estudantes da área,
biólogos, profissionais de higiene e segurança alimentar. Apesar do
aviso, os investigadores fizeram questão de recusar um eventual
alarmismo em redor deste tema. Aliás, Diogo Pestana e Diana Teixeira
sublinham que o importante nesta discussão é mesmo encontrar formas de
a prevenção ser uma prioridade: "A nossa posição deve ser sempre de
precaução e não de alarmismo", salienta Diogo Pestana.

Os investigadores apoiaram a adopção de comportamentos "mais limpos":
evitar os alimentos gordos de origem animal (entre os quais, o óleo e
os produtos à base de natas), retirar as gorduras visíveis dos
alimentos e conter o consumo de carne. Na hora de ir às compras, Diogo
Pestana aconselha o consumo de peixe do mar e de alimentos produzidos
por agricultura biológica. No fundo, "recuperar o padrão da dieta
mediterrânea".

Diogo Pestana critica ainda o uso de "marmitas que agora estão na
moda". Devemos aquecer alimentos em recipientes de plástico? O
especialista diz que não, justificando que o aquecimento aumenta o
risco de contaminação. E alerta ainda para os riscos da reutilização
excessiva de garrafas de plástico. As consequências, apresentadas
durante o congresso, abrangem um espectro largo: do aumento do risco
de doenças metabólicas, entre as quais a obesidade, diabetes, doenças
cardiovasculares, a possíveis implicações na saúde mental.

Actualmente, os especialistas afirmam que não é possível saber quais
os níveis seguros de contaminação nem quais os alimentos que podem
estar a contaminar mais o ser humano. Diogo Pestana destaca que é
urgente a realização de estudos nesta área, preocupação partilhada
pela União Europeia e pela Autoridade Europeia para a Segurança
Alimentar.

A Direcção-Geral de Saúde também já mostrou estar preocupada, tendo
alertado para a necessidade de melhorar as informações disponíveis aos
consumidores. Também os especialistas que integram o grupos deste
debate no congresso apelam à leitura atenta dos rótulos nas
embalagens. Benzenio, glicosídeos, poluentes ambientais, são algumas
das substâncias destacadas pelos investigadores. "Grande parte da
população está exposta a estes compostos", sendo a alimentação o
veículo predominante de contaminação, segundo Diogo Pestana. Porém,
Pestana destaca que estes compostos não podem ser analisados
isoladamente, uma vez que a mistura de substâncias pode provocar
efeitos aditivos, numa espécie de "efeito cocktail".

O investigador alerta para os riscos do Bisfenol A, uma substância
comum nos plásticos e reconhecida como prejudicial à saúde. Já
proibida em alguns países como o Canadá, Dinamarca e Costa Rica, a
substância está na composição de biberões, o que levou Diogo Pestana a
citar os estudos que apontam o Bisfenol A como principal causa de
alterações no sistema endócrino de crianças.

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